Tempo de apartar

Eu fui criada pra ajuntar sempre, pra nascer (ao invés de morrer), pra plantar (ao invés de arrancar), pra sorrir (mais do que chorar) e pra dançar (já que ficar parado pode ser uma forma de estacionar).

Eu fui educada pra guardar, pra costurar e pra calar, afinal é preciso manter a ideia fabricada de paz.

Foi difícil aceitar que o tempo de apartar existe e que tem uma função tão relevante quanto os outros períodos, cristalizados como positivos. Em Eclesiastes, um texto bíblico, o autor revela o tempo de “apartar” como uma fase oportuna para escolher, separar. Um tempo de amadurecimento, onde se tem tem o desafio de decidir no que investir (com ou sem a aprovação de terceiros), um momento de comprometimento consigo mesmo, desde os gostos gastronômicos à seleção de quem (e como) compartilhar a vida.

O tempo de apartar, para os mais distraídos, pode parecer um período egoísta. Pros que têm coragem de dar um passo além da obviedade, apartar é ação solitária sim, e necessária. Quem entrou nesse tempo sabe que vai experimentar as consequências doces e amargas de bancar as próprias escolhas. É apartando (e não apenas ajuntando, nascendo, plantando, sorrindo, dançando, guardando, costurando ou calando) que, desafiadoramente, se é fiel aos próprios desejos.

2 comentários:

  1. Feliz daquele que percebe o tempo de apartar e tem coragem de encará-lo como crescimento, pq apartar-se não é tarefa fácil, dói sempre mas quando se encara, os resultados são sempre de muito crescimento.
    Apartar-se não significa ter para si todas as decisões á mão, é saber aproveitar oportunidades seguindo seu coração e seus princípios morais mas, lembrando que qdo se a gente se vê perdido o melhor é crer verdadeiramente na providência divina, ela nunca falha.
    Te amo amiga
    Você é muuuuuuuuuuuuuuuito especial

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  2. Apartar, pra mim, é uma constante. =]

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