Prazer

Acordar às 7h e se preparar pra uma reunião no sábado pode parecer programa de índio ou mania de workaholic pro senso comum. Só que eu continuo aprendendo que o senso comum não tem o mínimo comprometimento com o meu prazer.

O estímulo pro gozo é particular, íntimo e construído. Feliz daquele que já entendeu que, no campo da satisfação pessoal, as fórmulas empacotadas e até mesmo comercializadas podem não dar certo. A “poção mágica” (que de sobrenatural não tem nada!) tem mais a ver com nosso DNA e com a história que escrevemos do que com receitas pré-fabricadas.

Viver fingindo orgasmos múltiplos apenas pra dizer que se tem prazer pode ser uma escolha arriscada de quem não quer correr riscos, quebrar protocolos, contrariar a unanimidade e olhar de verdade pra dentro. 

Acredito, inclusive, que a nossa insistência em representar o gozo pode estar associada à reprodução dos esquemas infantis ou mesmo à rejeição contínua do mal-estar. Cá entre nós, essa história de que “todo dia tem festinha lá em casa” é um discurso falso pra enfeitar nossas feiúras e as das nossas relações também.

É fim de semana, e não posso negar que o sábado ganhou uma cara melhor por conta da reunião. Sigo confirmando que meu prazer é real porque é legítimo “pra mim”. Se não for assim, é puro teatro... e, o pior: pra nenhum expectador.

Um comentário:

  1. Adorei! Não tenho nem o que dizer, além de: É ótimo refletir e concordo plenamente! Parabéns! :D

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